segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A PROIBIÇÃO DAS ARMAS: Uma ilusão que custa vidas

Historicamente analisando, os políticos brasileiros tem uma tendência ao proibicionismo. Isso quer dizer que os parlamentares eleitos para representar o povo sempre usam uma estrutura jurídica que parece ‘’resolver tudo’’ em nossa sociedade: criar Leis. 

Mas é também historicamente analisando que vemos que a criação exacerbada de Leis por parte dos governos e da estrutura estatal em suas várias esferas (portarias, regulamentações e normas) não conseguiram e nem conseguem resolver os problemas, muitas vezes tem o efeito contrário: cria mais adversidades e obstáculos. No Brasil existem tantas normas, tantas Leis, tantas portarias e regulamentações que fica difícil saber o que é permitido e o que não é. Além disso, as Leis e normas são alteradas com frequência assustadora, ano após ano, governo após governo. Isso só nos mostra a ‘’tara legislativa’’ dos políticos deste país.

Podemos assistir como são as ‘’regras do jogo’’ brasileiro quando determinados indivíduos decidem abrir uma empresa. São necessárias tantas idas aos órgãos públicos e tantos documentos que se torna uma epopeia empreender no Brasil. Além disso, muitas empresas dispendem um custo muito alto e significativo em ter que possuir um departamento ou setor específico só com o objetivo de não infringir e acompanhar as mudanças das normas e Leis. Se analisado o contexto brasileiro, isso tem um peso enorme na competitividade das empresas, na criação de postos de trabalho e nos custos dos produtos que os consumidores pagam.

O exemplo acima é somente para explicar alguns efeitos que as Leis têm na sociedade, até porque o foco do texto é outro, como veremos adiante. Por isso a imposição de uma Lei deve ser pensada e planejada não só na sua intenção, mas nos seus efeitos práticos. E a consulta à História e aos dados é fundamental para a formulação de Leis. O Brasil está cheio de estatísticas e dados históricos que nos mostram que a criação de imposições tiveram mais resultados negativos do que positivos, muitas vezes não teve sequer resultados positivos na prática cotidiana.

Em 2003, contrariando a vontade da maioria popular expressa em plebiscito, o Governo Federal criou o Estatuto do Desarmamento. Tal lei, na prática, proibiu a aquisição e o porte de arma para a maioria da população que agora dependeria exclusivamente dos órgãos de segurança pública para que as pessoas não fossem roubada, assassinada, estuprada, sequestrada e não tivessem suas casas invadidas por delinquentes e bandidos da pior espécie.

A partir daí, as polícias foram implacáveis com cidadãos que optassem portar armas de fogo. Como é de se esperar, os bandidos são criminosos justamente porque não respeitam as Leis e não seria uma Lei repleta de ‘’boas intenções’’ como a do Estatuto do Desarmamento que os faria largar suas armas e assaltarem com outras ‘’ferramentas’’. O resultado prático do desarmamento foi um cotidiano de cidadãos comparados a ovelhas e de assaltantes e bandidos agindo como se fossem lobos. O número de assaltos aumentou exponencialmente, bem como a quantidade de sequestros, homicídios, latrocínios, invasões de propriedades e estupros.


O efeito da Lei que desarma o cidadão de bem pode ser vista em um único exemplo estarrecedor: uma dona de casa está em sua residência com seus filhos e um bandido invade sua casa, a estupra, mata um dos filhos e leva os bens que estavam na casa. O bandido conseguiu simplesmente render a todos daquela casa só porque estava armado e ninguém pôde reagir justamente porque tinham uma arma apontada para suas cabeças. O mesmo exemplo vale para os arrastões que acontecem com frequência nos restaurantes de São Paulo. Os estímulos que os bandidos têm para assaltar e cometer crimes mais horrendos são justamente saber que a possibilidade de ter alguém armado andando pelas ruas, nos seus carros, ou jantando em restaurantes ou em alguma casa é extremamente pequena. Em suma, o risco de o assaltante levar um tiro de uma vítima armada é muito pequeno, por isso vale a pena correr o risco de viver dessa forma, e o assaltante sabe perfeitamente disso.  


Em São Paulo, em janeiro de 2014, foi promulgada uma Lei que proíbe a venda e a fabricação de armas de brinquedo no estado. Parece que o legislador que criou tal imposição não olhou ou cinicamente ignorou os dados de criminalidade que aumentam sem parar, de forma assustadora, depois de 2003. Se o Estatuto do Desarmamento que proíbe inclusive as armas de brinquedo não conseguiu resolver os problemas envolvendo crimes com armas, uma proibição estadual conseguirá diminuir os assaltos?

Ora, será que 11 anos de história não é suficiente para nos mostrar que proibir armas de fogo não funcionou e só deu mais poder aos criminosos? E agora, será que proibir armas de brinquedo, de fato usadas por alguns bandidos, vai diminuir as ocorrências envolvendo as armas de plástico?

Para responder a essas questões é bom que os desarmamentistas olhem para o período de 2003 até os dias atuais e veja o processo histórico de 11 anos de proibição das armas, que contempla derramamento de sangue de pessoas honestas, violação e roubo de propriedades tomadas de trabalhadores honestos que precisam se sacrificar para conseguir comprar um carro, um celular, uma bolsa, ou qualquer outro bem adquirido de forma lícita e honrosa. A resposta é uma só: a proibição das armas não funciona! Só como um dos exemplos, a taxa de homicídios cresceu absurdamente 202,3% no estado da Paraíba, isto é: mais que triplicaram em uma década. (1).

As políticas públicas devem ter outro foco: o combate ao crime de forma organizada, uma legislação mais dura e menos flexível para aqueles que praticam crimes e um judiciário ágil que tome o partido da vítima e não fique considerando o que levou o criminoso a roubar ou a matar, mas que considere os crimes como uma violação ao direito individual, independentemente das circunstâncias sociais que levaram o bandido a cometer as violações contra os direitos dos indivíduos. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ROLEZINHOS: a propriedade privada e os shoppings

No final de semana passado e durante esta semana, uma discussão está em pauta nos telejornais, mídia impressa, grandes portais de notícias e uma onda infindável de discussões e debates acerca dos ‘’rolezinhos’’ de adolescente s nos shoppings paulistas. Esses ‘’rolezinhos’’ são basicamente encontros de jovens, marcados pela internet.

O crescimento de adolescentes que participam desses ‘’rolezinhos’’ foi exponencial no ano de 2013. Basta olhar as notícias e as ocorrências envolvendo arrastões e uso de força desproporcional de agentes de seguranças pública e privada.

No final de semana passado parece ter ocorrido o estopim desse fenômeno humano quando o shopping JK Iguatemi conseguiu uma liminar que lhe dá o direito de permitir ou não a entrada de indivíduos na sua propriedade. Isso foi o motivo para várias mídias onlines, blogueiros e páginas em redes sociais logo esbravejarem: APARTHEID BRASILEIRO! Tudo isso por causa de uma visão de mundo em que as classes estão sempre em constante conflito, isto é: a famosa luta de classes.

Em primeiro lugar, para um shopping, quanto mais gente o frequentar melhor será. Isso porque os lojistas vendem mais nessa situação. Shoppings conseguem aliar conforto, variedade e segurança em um único lugar, e talvez seja por isso que tantas pessoas consomem nesses locais. Para o lojista que vende roupas de grife ou de marcas não conhecidas, não importa a classe do indivíduo e nem a renda de quem compra seus produtos, o que importa mesmo é vender. Mas é necessário que o shopping consiga dar aos seus frequentadores comodidade e segurança para que as vendas ocorram, e segurança requer poder consumir ou vender sem ser roubado ou ser coagido por indivíduos ou grupo de indivíduos.

Acontece que com a crescente onda de arrastões e brigas entre os vários grupos que fazem parte dos ‘’rolezinhos’’, a atitude dos shoppings obviamente deveria ser e foi diferente da que era tomada antes de acontecer tais crimes: era totalmente permissiva aos adolescentes e a aqueles grupos. Ninguém gosta de passar por uma rua em que existem muitos assaltos, sempre que podem as pessoas evitam estacionar seus carros em ruas onde há muitos furtos e roubos de veículos e ninguém, obviamente, gosta de ir a um shopping onde está acontecendo arrastões, que nada mais é do que um coletivo de pessoas roubando outras pessoas e até mesmo agredindo fisicamente.

No contexto brasileiro existe uma enorme relativização da propriedade privada, com os shoppings isso acontece de forma plena e absoluta. Apesar de ser uma boçalidade sem limites do ponto de vista mercadológico, os shoppings deveriam ter o direito de vetar ou permitir que as pessoas adentrem ou não em seus espaços por ser uma propriedade privada. É óbvio, volto a repetir, que não seria nada bom para os lojistas que pagam aluguel pelos seus espaços que os shoppings tomassem atitudes ‘’seletivas’’ quanto à entrada de pessoas em suas propriedades; além disso, dispenderia um enorme custo operacional. E nunca é demais lembrar que empresas estão sempre querendo cortar custos. Sendo, portanto, ilógico falar de apartheid nessa situação em que os shoppings colocam policiais, maior número de seguranças e restringe o acesso de adolescentes em seus espaços. É uma atitude temporária até que os arrastões cessem e que se consiga novamente manter a ordem e a convivência pacífica nos espaços em questão.  O leitor verá a seguir que isso não tem qualquer relação com segregação socioeconômica nos espaços ditos ''públicos'', tais como os shoppings.  

A presença da polícia e de um número maior de seguranças privados nos shoppings é uma resposta necessária aos crimes que vêm ocorrendo nesses encontros dos adolescentes. Os shoppings precisam dar uma resposta aos seus lojistas e aos seus clientes, e neste contexto a resposta a ser dada a estes e a aqueles é SEGURANÇA! Porque caso a segurança não seja mantida nos shoppings, as pessoas simplesmente vão parar de frequentar estes estabelecimentos e as vendas de lojistas cairão, ou seja: os shoppings vão perder vendas, lojistas e frequentadores. Isto é, perderá sua razão de existir caso o caos persista.


Destarte, os objetivos das proibições e das permanências de policiais (não estou concordando com o abuso policial) nos shoppings são puramente econômicos, a finalidade é proteger a boa convivência dentro e nas imediações dos shoppings, pois nesses locais existem lojas para vários tipos de pessoas. E ali mesmo vários indivíduos de diferentes regiões das cidades compartilham o mesmo espaço, indiferentemente de classe, origem étnica, renda e localização. Portanto, a atitude de shoppings não tem nada a ver com excluir os indivíduos das periferias, mas tem a ver com garantir a ordem e a segurança naqueles estabelecimentos comerciais, garantindo inclusive o acesso daqueles advindos das periferias e regiões com menor desenvolvimento para que consumam e não sejam roubados, uma vez que aqueles que praticam arrastões não dão a mínima para a condição socioeconômica de suas vítimas. É necessário então combater o caos e defender o direito à propriedade privada.