segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ROLEZINHOS: a propriedade privada e os shoppings

No final de semana passado e durante esta semana, uma discussão está em pauta nos telejornais, mídia impressa, grandes portais de notícias e uma onda infindável de discussões e debates acerca dos ‘’rolezinhos’’ de adolescente s nos shoppings paulistas. Esses ‘’rolezinhos’’ são basicamente encontros de jovens, marcados pela internet.

O crescimento de adolescentes que participam desses ‘’rolezinhos’’ foi exponencial no ano de 2013. Basta olhar as notícias e as ocorrências envolvendo arrastões e uso de força desproporcional de agentes de seguranças pública e privada.

No final de semana passado parece ter ocorrido o estopim desse fenômeno humano quando o shopping JK Iguatemi conseguiu uma liminar que lhe dá o direito de permitir ou não a entrada de indivíduos na sua propriedade. Isso foi o motivo para várias mídias onlines, blogueiros e páginas em redes sociais logo esbravejarem: APARTHEID BRASILEIRO! Tudo isso por causa de uma visão de mundo em que as classes estão sempre em constante conflito, isto é: a famosa luta de classes.

Em primeiro lugar, para um shopping, quanto mais gente o frequentar melhor será. Isso porque os lojistas vendem mais nessa situação. Shoppings conseguem aliar conforto, variedade e segurança em um único lugar, e talvez seja por isso que tantas pessoas consomem nesses locais. Para o lojista que vende roupas de grife ou de marcas não conhecidas, não importa a classe do indivíduo e nem a renda de quem compra seus produtos, o que importa mesmo é vender. Mas é necessário que o shopping consiga dar aos seus frequentadores comodidade e segurança para que as vendas ocorram, e segurança requer poder consumir ou vender sem ser roubado ou ser coagido por indivíduos ou grupo de indivíduos.

Acontece que com a crescente onda de arrastões e brigas entre os vários grupos que fazem parte dos ‘’rolezinhos’’, a atitude dos shoppings obviamente deveria ser e foi diferente da que era tomada antes de acontecer tais crimes: era totalmente permissiva aos adolescentes e a aqueles grupos. Ninguém gosta de passar por uma rua em que existem muitos assaltos, sempre que podem as pessoas evitam estacionar seus carros em ruas onde há muitos furtos e roubos de veículos e ninguém, obviamente, gosta de ir a um shopping onde está acontecendo arrastões, que nada mais é do que um coletivo de pessoas roubando outras pessoas e até mesmo agredindo fisicamente.

No contexto brasileiro existe uma enorme relativização da propriedade privada, com os shoppings isso acontece de forma plena e absoluta. Apesar de ser uma boçalidade sem limites do ponto de vista mercadológico, os shoppings deveriam ter o direito de vetar ou permitir que as pessoas adentrem ou não em seus espaços por ser uma propriedade privada. É óbvio, volto a repetir, que não seria nada bom para os lojistas que pagam aluguel pelos seus espaços que os shoppings tomassem atitudes ‘’seletivas’’ quanto à entrada de pessoas em suas propriedades; além disso, dispenderia um enorme custo operacional. E nunca é demais lembrar que empresas estão sempre querendo cortar custos. Sendo, portanto, ilógico falar de apartheid nessa situação em que os shoppings colocam policiais, maior número de seguranças e restringe o acesso de adolescentes em seus espaços. É uma atitude temporária até que os arrastões cessem e que se consiga novamente manter a ordem e a convivência pacífica nos espaços em questão.  O leitor verá a seguir que isso não tem qualquer relação com segregação socioeconômica nos espaços ditos ''públicos'', tais como os shoppings.  

A presença da polícia e de um número maior de seguranças privados nos shoppings é uma resposta necessária aos crimes que vêm ocorrendo nesses encontros dos adolescentes. Os shoppings precisam dar uma resposta aos seus lojistas e aos seus clientes, e neste contexto a resposta a ser dada a estes e a aqueles é SEGURANÇA! Porque caso a segurança não seja mantida nos shoppings, as pessoas simplesmente vão parar de frequentar estes estabelecimentos e as vendas de lojistas cairão, ou seja: os shoppings vão perder vendas, lojistas e frequentadores. Isto é, perderá sua razão de existir caso o caos persista.


Destarte, os objetivos das proibições e das permanências de policiais (não estou concordando com o abuso policial) nos shoppings são puramente econômicos, a finalidade é proteger a boa convivência dentro e nas imediações dos shoppings, pois nesses locais existem lojas para vários tipos de pessoas. E ali mesmo vários indivíduos de diferentes regiões das cidades compartilham o mesmo espaço, indiferentemente de classe, origem étnica, renda e localização. Portanto, a atitude de shoppings não tem nada a ver com excluir os indivíduos das periferias, mas tem a ver com garantir a ordem e a segurança naqueles estabelecimentos comerciais, garantindo inclusive o acesso daqueles advindos das periferias e regiões com menor desenvolvimento para que consumam e não sejam roubados, uma vez que aqueles que praticam arrastões não dão a mínima para a condição socioeconômica de suas vítimas. É necessário então combater o caos e defender o direito à propriedade privada. 

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