Controlar a base aliada neste mandato vai
ser a coisa mais difícil para a Dilma, pelo seu número de legendas e pela
própria conjuntura pós-eleitoral em que foi reeleita por um triz (3,5 milhões
de votos de diferença). Isso diminui exponencialmente o capital político da
Dilma e do seu partido, ocasionando um espectro de ação dos atores políticos do
Executivo em que cabe a eles mais ceder do que ganhar nas negociações de
interesses conflitantes, o que parece ser os próximos quatro anos.
E não vai adiantar liberação de verbas e
nomeação de ministérios, as reformas propostas pela Presidente vão de encontro
a interesses representados na câmara alta (Senado) e na câmara baixa (Câmara de
Deputados). Ao que parece, nesses próximos quatro anos o Executivo não vai
conseguir, de forma eficaz, impor sua agenda ao Legislativo por meios
tradicionais como as medidas provisórias e a liberação de verbas de emendas
parlamentares, fazendo com que o Parlamento brasileiro seja o fiel da balança.
Justamente, porque a Dilma quer ultrapassar limites institucionais ao propor
reformas que não cabem a ela fazer e sim ao Congresso Nacional.
O momento parece-se
muito com o ano de 1964 se analisarmos as relações entre Executivo e Congresso.
Um Congresso reativo às reformas propostas pelo Executivo e este desejando que
as reformas saiam e para isso aumentam o tom do discurso gradualmente. O que
faz a oposição congressista também reagir aumentando seu tom.
Logo, podemos chegar a
2018 com as instituições fortalecidas caso esses atores respeitem os limites
institucionais dos poderes e que possam fazer as reformas dentro das praxis institucionais. Caso os atores
não entrem nos mecanismos de perdas e compensações característicos de culturas
políticas institucionalistas, as instituições podem se enfraquecer e
consequentemente intensificar ainda mais a nossa cultura política personalista.
Portanto, a chave do jogo
para que as instituições saiam fortalecidas é seguir hierarquicamente os três
pilares seguintes: conservar, transmitir e reformar, a reforma não deve ser de
forma a romper e sim feita sob as partes deficientes, sendo feita com prudência
e respeitando os aspectos institucionais para que as diversas demandas da
sociedade possam estar ali representadas no âmbito institucional dos mecanismos
negociais de perdas e compensações e evitando assim ações de grupos
revolucionários ou golpistas que optam por vias violentas anti-institucionais.
Pois, esses últimos emergem, e não unicamente por isso, quando as
institucionalidades se encontram enfraquecidas - sejam movimentos de esquerda
ou movimentos de direita. E é por isso mesmo que o Brasil se encontra entre a
Cruz (continuidade institucional com reformas prudentes) e a Espada (ruptura institucional,
por meio de reformas imprudentes e um futuro institucional incerto e imprevisível).