A
livre iniciativa tem sido historicamente colocada no âmbito econômico, como fenômeno
executado pelos agentes econômicos ou por indivíduos que empreendem em busca do
lucro. Entretanto, a livre iniciativa é muito mais complexa do que isso, como é
demonstrado neste texto.
A
livre iniciativa só pode realmente existir se houver um ambiente propício para
tal. Duas frentes permitem esse ambiente propício, a saber: um arranjo
institucional-legal que garanta a liberdade individual e econômica e uma consciência,
nos membros da sociedade, sobre a importância da livre iniciativa.
A
respeito do arranjo institucional-legal, esse quesito se caracteriza pelas
institucionalidades liberais que visam garantir o direito de propriedade, o
mínimo aceitável de regulação ou nenhuma regulamentação, mínima burocracia, ausência
ou pouca intervenção estatal nas relações humanas, baixos custos para a consolidação
de iniciativas tanto econômicas quanto em outras áreas da vida humana:
filantropia, associações, entidades não lucrativas... O sistema político,
ordenamento institucional, tem sua importância para o tema aqui retratado, pois
as instituições detêm o poder político de impor regras e com o uso da força
fiscalizar suas aplicações. Diante disso, a maneira como as instituições
políticas se relacionam com a sociedade determina os custos da livre inciativa,
mas não só custos financeiros como também custos pessoais, e com isso pode vim
a determinar a quantidade de empreendimentos lucrativos ou não na sociedade e
os seus respectivos impactos positivos para à coletividade.
A
livre inciativa é uma ação individual ou de indivíduos livremente organizados a
fim de se atingir objetivos, quais sejam os mais variados possíveis – econômicos,
financeiros, caridade, social, educacional, saúde, cidadania, etc. Liberdade de
agir individualmente ou em grupo, marca mais importante da livre iniciativa, pressupõe
responsabilidade pelas escolhas tomadas e ações executadas dos agentes. Se os indivíduos
se encontram em um ambiente institucional que trava a livre inciativa, seja do
ponto de vista econômico quando se aumenta os custos financeiros ou do ponto de
vista do cerceamento das liberdades individuais, a livre iniciativa dificilmente
se tornará consistente.
Um
ambiente institucional liberal que estimule a livre inciativa e puna
eficazmente a violação de direitos por meio de normas e regras jurídicas, isto
é: que não impõe custos que impossibilitam a livre iniciativa e garanta o
cumprimento das regras para evitar fraudes é o melhor sistema político para a
sociedade como um todo, como bem tem demonstrado a história de Estados e países
que optaram por tal organização institucional em diversos níveis, que podem ser
medidos e analisados os resultados do grau de institucionalidades liberais
existentes ou sua ausência. Isso porque a responsabilidade pelos erros ou
acertos recai exclusivamente sobre aqueles que iniciam um empreendimento, seja
ele com objetivos lucrativos ou não.
Caso
haja prejuízos a terceiros – quaisquer que sejam, as instituições devem possuir
um conjunto de normas e regras jurídicas para que se possam punir e obrigar o
ressarcimento de eventuais danos causados. O contrário da livre inciativa são
as ações estatais, que fundamentalmente são centralizadas e financiadas com o
dinheiro advindo da coleta de impostos retirados da sociedade e os erros mais
frequentes do que os acertos dessas ações recaem nas costas da mesma. Além
disso, as ações estatais são caracterizadas pela coerção, não tendo como
indivíduos ou parte da sociedade se esquivar delas e às vezes impedir tal ação
- temos como exemplo disso as desapropriações para construção de obras estatais
e a alta cobrança de impostos para financiar ações estatais. O contrário disso
é a livre inciativa, que se caracteriza pela livre relação entre indivíduos e dinâmica
voluntária dos membros envolvidos em diversas ações e empreendimentos
descentralizados.
Portanto,
um arranjo institucional que não imponha barreiras econômicas, financeiras e custos
pessoais à livre associação junto à livre iniciativa gera uma dinâmica mais
eficaz no combate aos problemas sociais que aparecem nas relações da sociedade.
Isso porque a busca pelo lucro ou o desejo pela filantropia em um ambiente de
liberdade de ação garantida, é constituído pela ação voluntária de indivíduos e
responsabilidade exclusiva dos agentes que iniciam e mantém os mais variados
projetos com seus objetivos específicos, não recaindo os possíveis erros e
custos em toda a sociedade, e em contrapartida são institucionalmente garantidos
os méritos das escolhas e das ações devidamente acertadas e seus respectivos
ganhos, que neste caso tem impactos positivos na sociedade.
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